A firma

Por que se cobrir vira circo e se fechar vira hospício

quarta-feira, agosto 30, 2006

Responsabilidade

A cada dia que passo aqui n´A Firma, mais tenho certeza de que assumir a sua própria responsabilidade por uma tarefa ou trabalho é contagioso e incurável.
Só isso explica a verdadeira aversão que muitos dos meus colegas têm de dar uma pancada na mesa e explicitar seu compromisso com o resultado do projeto ou iniciativa.

E não me refiro a sacrifícios extremos ou trabalhos de madrugada.
Falo simplesmente de fazer seu trabalho direito e assumir compromissos sobre ele.
Não deveria ser tão complicado, mas infelizmente é.
Infelizmente é prática amplamente divulgada dar respostas evasivas e não comprometedoras, mesmo depois de ter comprovada publicamente a sua responsabilidade sobre aquele assunto ou atividade.

É pena, já que os resultados e a sinergia entre as áreas seriam muito mais positivos se cada um assumisse pelo menos aquilo que lhe cabe.
De tanto me decepcionar com a fuga de responsabilidade, perdi de vista completamente a perspectiva de colaboração e de auxílio na execução da tarefa do outro.
Se o cara não faz nem o que é dele, que dirá ajudar o colega naquilo que não é?

Coisinha egoísta esta vida corporativa, viu!

segunda-feira, agosto 28, 2006

O churrasco corporativo

Eu jamais imaginei que organizar um churrasco para confraternizar e integrar a nossa área fosse uma tarefa tão cheia de meandros e consequências quanto o kick off de um projeto ou a negociação de preços com um fornecedor.

A idéia era simples: reunir um grupo de colegas apreciadores de carne queimada e cerveja gelada, contratar uma empresa especializada e curtir um "churrasquinho na laje" para encerrar bem a semana.
No caso d´A Firma, o churrasco é mesmo na laje, com direito a churrasqueira de alvenaria e cobertura, e as aspas não são necessárias.

Só depois que resolvi assumir a organização do evento é que descobri o quão difícil é administrar as vontades de um grupo tão complexo quanto heterogêneo.
Para começar, tive que fazer uma RFI (1) para determinar o dia da semana mais adequado para todos.
Obviamente não consegui consenso já que o povo que mora em Santos e no interior desaprovou a sexta-feira e o grupo dos estudantes não quis perder aulas no MBA.
Acabei optando pela democracia e venceu a sexta que obteve o maior número de votos.
Não foi maioria absoluta, mas serviu ao propósito.

Depois soltei uma RFP (2) para determinar o fornecedor.
Consultei três fornecedores de espetinhos e optei pelo que já tinha bom histórico de fornecimentos anteriores, apesar do preço levemente superior.
Não usei exatamente a clássica forma "técnica e preço", mas tudo bem.

Para oferecer um diferencial aos colegas de churras, gastei várias horas de ADSL providenciando um monte de MP3 que deveriam agradar a um bom número de participantes.
Além do meu tempo, tive que disponibilizar meus próprios recursos em nome da satisfação dos funcionários: meu micro-system e meu MP3 player entraram na roda.

Depois de tudo isso, só me sobrou aguardar a badalada das 18 para "fechar o lojinha" e terminar minha semana a carne e cerveja.
Eu acho que mereço depois de tanto trabalho para organizar o bendito churrasco.

Deveria ser mais fácil, bem mais fácil.

(1) RFI ou Request for information: uma forma de colocar sua necessidade no mercado e obter sugestões de soluções para atendê-la;
(2) RFP ou Request for proposal: após a determinação da solução desejada, parte-se para o recebimento de propostas técnicas e comerciais para definir o fornecedor com melhor custo benefício; aqui podem existir variantes na escolha do fornecedor, mas esta seria a definição clássica.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Projetos

Desenvolvendo um pouco a sugestão dada pelo Jônatas no texto sobre os maus hábitos comuns aqui n´A Firma, resolvi descrever de uma forma bem prática as fases típicas de um projeto.

Qualquer semelhança com metodologias consagradas como PMBOK e afins não será mera coincidência.

Vamos às fases:

- análise: é quando o usuário sonha ou escreve em papel de pão o que quer (os requisitos) e a equipe de projeto tem que utilizar psicografia, quiromancia e leitura da borra de café para conseguir documentar tudo; é o nascimento do desastre;

- desenho: fase em que a equipe de projeto deve utilizar conhecimentos de pedagogia e psicologia infantil para traduzir os requisitos do usuário para uma linguagem que o desenvolvedor (ou fornecedor) possa entender; é normalmente a fase onde o desastre começa a ganhar seus primeiros contornos;

- construção: aqui os retalhos de requisitos vão sendo elaborados e colados uns aos outros para formar o produto final, supostamente atendendo à necessidade do usuário; o desastre cresce, mas ainda não aparece;

- implantação: momento em que a solução (ou produto ou desenvolvimento) é montado (com ou sem protótipo) e entregue para o usuário, que o recebe feliz e contente, crente que seus problemas estariam eliminados; normalmente essa sensação de alívio do fornecedor e satisfação do usuário dura alguns segundos após a "entrada em produção"; hora de colocar o monstrinho para funcionar;

- desespero: com os negócios paralisados pela pane dos sistemas desenvolvidos ou pelo recall de algum produto mal projetados, surje o momento de desespero por parte de todos; começa no usuário que vê suas previsões de resultados virarem pó e vai até o fornecedor que começa a sentir a mordida dos SLAs ou multas; é o início da ruína;

- busca dos culpados: como alguém precisa pagar pelos erros cometidos por toda a organização, alguns líderes "pró-ativos" se prontificam a identificar as razões para o fracasso; normalmente essa razões respondem pelos nomes técnicos de Antonio, João, Maria e assemelhados;

- punição dos inocentes: para seguir à risca o paradigma, a normalização da situação passa pela eliminação das razões do problema; à partir deste momento, aqueles coitados que vararam noites e perderam as férias dos filhos para conseguir fazer o melhor possível com a informação podre que receberam passam a engrossar o cadastro dos sites de RH em busca de recolocação; nos países de primeiro mundo, nesta fase o número de suicídios costuma aumentar sensivelmente, enquanto que por aqui nos trópicos, o problema passa a ser o incremento de lucro das empresas de bebidas, notadamente as fabricantes de cachaça barata;

- premiação dos inúteis: para encerrar o projeto com chave de ouro, chega a hora de reconhecer o esforço do envolvidos na disponibilização de mais um produto que vai ajudar no crescimento e expansão dos lucros da empresa; e os escolhidos para receber a premiação invariavelmente são aqueles que ajudaram a mandar embora aqueles que efetivamente trabalharam e/ou aqueles que apenas frequentaram o ambiente do projeto para aparecer nas fotos quando os executivos resolviam ver o que estava acontecendo; curiosamente, acaba se gastando em prêmios cerca de metade do orçamento total do projeto, que continua com milhares de pendências.

Ainda falando de coincidências, que atire a primeira pedra aquele que nunca viveu nenhuma dessas fases em algum dos seus projetos.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Dublê

Ainda sobre a colega hermética.
Ela tem outra característica marcante, mas desta vez é uma coisa bem menos inofensiva: ela adora dizer que sempre é chamada para endireitar situações que algum colega de equipe não deu conta e faz questão de fazer isso para quem quiser ouvir.

Eu já me irritei com isso e tive mais de uma conversa dura com ela, mas ao ouvir que aquilo nunca havia sido dito, fiquei sem vontade de encaminhá-la ao dentista.
Virei as costas e segui meu rumo.

Infelizmente ela segue com essa característica, o que não a ajuda nada na evolução da carreira, mas o que se há de fazer.
Cada um sabe o que faz com a sua vida corporativa, certo?

segunda-feira, agosto 21, 2006

Hermética

Tenho uma colega de trabalho que vive em um mundo paralelo.
É sério. Ela tem que viver fora deste mundo. Só isso explica como ela sempre está na contramão das decisões conjuntas e na vanguarda do joselitismo corporativo.

Mas vamos aos fatos que explicam minha afirmação.
Apesar de declarar que tem 28 (desde 2000, quando a conheci), ela já fez a curva dos 40, o que não significaria muita coisa, se ela não tivesse atitudes de estudante universitário.
Não me lembro de nenhuma ocasião em que ela tenha chegado a uma reunião com uma opinião e tenha saído dela com algum tipo de aprendizado.
Pior que isso, ela não se dá ao trabalho de apresentar fatos ou informações que comprovem a sua versão. Ela simplesmente se fecha, te deixa falando por 45 minutos, olha todas as sustentações do seu ponto de vista, vira para o lado e segue dizendo que a visão dela é que a certa.

É de enervar, mas já desisti de ajudá-la.
Sim, por que eu me ofereci para ajudá-la logo após a última avaliação de metas, no começo deste ano. Eu disse a ela de forma bem franca sobre o seu hermetismo e sobre o caminho para aceitar algumas coisas e evoluir.
Até me ofereci como coach, repetindo um trabalho bem sucedido que fiz com um colega bem menos experiente.
Nem me abalei quando ela me ouviu, sorriu e deletou toda a nossa conversa do seu HD cerebral.
Eu devia saber que seria assim.

Alguém se arrisca no diagnóstico?

sexta-feira, agosto 18, 2006

Política da empresa

O objetivo d´A Firma certamente não é de publicar piadas e fazer brincadeiras de mau gosto, mas recebi este texto por e-mail e o achei assustadoramente apropriado.
Espero que gostem dele tanto quanto eu.


PLANO ESTRATÉGICO

No início, existia um Plano...
E então vieram as Premissas...
E as Premissas não tinham forma...
E o Plano não tinha substância...
E a escuridão cobriu a face dos Funcionários.

E então eles disseram entre si:
"- É um balde de merda, e ele fede."

E os Funcionários foram aos seus Supervisores e disseram:
"- É um pote de excremento animal, e não podemos viver com o cheiro."

E os Supervisores foram aos seus Gerentes dizendo:
"- É uma caixa de adubo, e ele é muito forte, de forma que não podemos suportá-lo."

E os Gerentes foram aos seus Diretores dizendo:
"- É um recipiente de fertilizante, e não podemos resistir a sua força."

E os Diretores comentaram entre si:
"- Ele contém aquilo que ajuda as plantas a crescerem, e é muito forte."

E os Diretores foram aos Vice-Presidentes dizendo a eles:
"- Ele promove crescimento, e é muito poderoso."

E os Vice-Presidentes foram ao Presidente dizendo a ele:
"- Esse novo plano irá ativamente promover crescimento e vigor para a Empresa, com efeitos muito poderosos."

E o Presidente olhou para o plano, e disse que ele era muito bom.

E o plano virou Política da Empresa.
E é assim que a merda acontece.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Nós amamos o Steve

Essa eu recebi por e-mail e achei interessante seguir na linha do "fã clube Apple".

"O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário"

Steve Jobs, criador da Apple.


Só espero que a frase seja dele mesmo.
Não dá para apostar o salário na autenticidade dessas coisas que recebemos pela Internet.

Refeição



Nem tudo é bandejão nesta nossa vida corporativa.
Aproveitando a última reunião do Grupo de Clima, que agora é politicamente correto e se chama Grupo de Satisfação do Funcionário, fui almoçar no Gopala Prasada e tive que me render aos elogios do Professor e da minha irmã cineasta: nunca comi uma comida tão deliciosa e sem nenhum componente de carne.
Só não me ajoelhei ao lado da mesa para não passar por muçulmano e causar algum tipo de reação nos eventuais judeus presentes.
Afinal de contas eu estava ao lado da CIP e não seria nada bom para a minha saúde ser confundido com um membro do Hezbollah.
É importante dizer que mesmo sendo cristão, não concordo em nada com essa violência desmedida do Oriente Médio e não tenho absolutamente nada contra nenhuma religião ou cultura deste mundão velho sem porteiras.
Muito pelo contrário.

Sei que esse assunto aparentemente não tem muito a ver com a vida corporativa, mas como estou trabalhando com motivação, achei que uma boa e saudável refeição estaria bem alinhada com nossos objetivos como empresa.

Voltando ao prazer inenarrável que experimentei, vou tentar descrever o que tive que enfrentar (era uma terça-feira):
- pakôra recheada: abobrinha recheada com queijo magro e molho de tomate - cotação: gostoso;
- alou gouranga: batata gratinada com iogurte e queijo gorgonzola - cotação: delicioso;
- espaguete com legumes: tipo yakissoba - cotação: bom;
- banana celestial: caramelada com creme de leite, chocolate e farofa doce - cotação: espetacular.

O único senão é que é necessário largar tudo no escritório e chegar cedo para não pegar fila e seguir no stress nosso de cada dia.

Bom apetite.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Hábitos

Ter começado a escrever este blog acabou me deixando com um olhar muito mais crítico em relação a tudo que me cerca aqui na Firma.
Não deixo passar nada e sempre que posso corro para o micro e registro minhas impressões.
Desta vez, resolvi relacionar alguns hábitos corriqueiros por aqui, mas que poderiam ser considerados ofensas à progenitora em outras empresas e ocasionar sanções, demissões e até cabeçadas por parte dos gestores.

Vamos a eles:

- atraso em reuniões: parece até que é uma Lei votada no Congresso; não há santo que chegue no horário marcado, nem que ele mesmo tenha convocado a bendita reunião; na verdade, a Lei também se aplica ao atraso padrão de 30 minutos, que todo mundo faz questão de respeitar;

- tática "bate e alisa": essa eu achei que existia somente em relacionamentos amorosos; segundo esse hábito, o gestor passa 98% do ano arrancando o couro da equipe, impondo prazos impossíveis, sendo o mais grosso possível e se lixando para as necessidades básicas de todos, mas quando chega a época da Pesquisa de Clima, ocorre uma transformação digna de Jeckill e Hyde e o chefe se torna a mais amável das criaturas, distribuindo bombons, pagando almoços e cumprimentando até os homens com beijinhos no rosto e tapinhas nas costas; seria apenas ridículo, se não fosse tão contra-producente; isso torna o hábito realmente bizarro;

- gestão de expectativas: ao invés de passar para o cliente uma informação com o devido FC (1), o fornecedor é otimista e divulga a melhor estimativa possível; obviamente, Murphy e sua legião sempre atacam explodindo essa expectativa e deixando o cliente jurando vingança por gerações;

- tática "deu a mão, quero o braço": muito ligada ao hábito anterior, essa é mais comum do que se imagina; o fornecedor informa um prazo e, independente do FC existente, o cliente sempre quer algo melhor, jogando por terra todo o esforço feito para atendê-lo; mais uma vez é melhor jogar os prazos para a década seguinte e logo depois afirmar que se esforçou demais, buscou sinergia, falou com Deus e o mundo e conseguiu o resultado para a semana seguinte;

- foco na burocracia: o importante é seguir todas as normas e procedimentos impostos por cada uma das 55 consultorias que passam por aqui e trazem as best practices do mercado; o atendimento ao cliente, que em algum do passado já afoi a prioridade da organização, fica em quinto plano; quando fica;

- transferência de responsabilidade: esta é herança dos "bons tempos" das grandes consultorias; "se o problema está comigo, é um problema, se está com outro, não é mais um problema"; essa isenção é patológica e afeta não só o cliente, mas também os envolvidos no processo já que demanda uma canibalização de recursos e tempo; é o trinfu do "cada um por si e todos contra todos" sobre o "um por todos, todos por um.

Assim como no glossário, também os hábitos das Corporações serão enriquecidos ao longo do tempo.
Contribuições são bem vindas.

(1) FC: é a gordura, folga, conforto ou, no popular, fator de cagaço que toda estimativa deveria conter para permitir uma gestão mais eficiente da expectativa.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Networking

Sempre ouvi falar que uma das melhores formas de se conseguir um emprego era através do relacionamentos com as pessoas e não a prospecção em sites ou jornais.
Nunca tive provas conclusivas disso, até agora que pedi a ajuda de um amigo que participou de um trabalho bem sucedido no passado.

Em uma conversa informal via MSN, ele me orientou sobre a definição de um objetivo para a minha carreira (função gerencial na área de TI ou projetos), as formas de buscar esse objetivo (mentoring ou head hunting) e os contatos que ele conhecia e podiam me ajudar.
Fiquei surpreso com a brevidade e com a objetividade da conversa e mais ainda com a minha convicção nas respostas que dei a ele.
Também gostei de ouvi-li dizer que sou respeitado na empresa dele devido a posturas éticas que assumi no referido trabalho anterior.

Fiquei com a impressão de estar no caminho certo e de ter disponível meu networking, ainda que eu não me desse conta disso.

Ah, não posso esquecer de mencionar outro amigo, futuro marido de uma amiga muito querida, que foi o primeiro a me orientar sobre os caminhos para progredir na carreira.
Foi através dele que cheguei à Mais Carreira e ao primeiro contato com o conceito de mentoring.
Acho que estou mesmo no rumo correto para chegar ao meu primeiro milhão.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Não é para o meu bico

Mais uma da Época da semana passada: alguns profissionais diferenciados conseguem trabalhar em ritmo alucinante durante meses sem folga e fazer viagens de férias (ou retiros ou paradas ou coisas parecidas) em ritmo igualmente semelhante.

São os bingeworkers que estão decretando o fim do horário comercial e das férias anuais de 20 dias com venda dos outros 10.

Minha opinião: não é coisa para arigós cujo planejamento de férias envolve, entre outras coisas, a sincronização das férias da esposa (ou marido), a interrupção das aulas dos filhos, a eventual disponibilidade da mãe ou da sogra para cuidar das crianças e a generosidade do banco ao manter a sobrevida do cheque especial.

A vida é dura para alguns!

sexta-feira, agosto 04, 2006

O velho e bom Jack

Essa saiu na Época desta semana.

Parece que o lendário Jack Welch já não é mais unanimidade entre os bam-bam-bans do mundo executivo.
As regrinhas que ele popularizou e que ainda rendem muita grana para o velhinho, foram absorvidas, analisadas, digeridas e finalmente descartadas por alguns dos mais inovadores CEOs da atualidade.
Obviamente não se deve generalizar, mas é bom saber que até lá em cima, bem longe do nosso mundo de peões, tudo é relativo.



Mas como em tudo na vida, o ciclo continua e o exemplo passa a ser o boss da Apple, Steven Jobs, que foi do céu ao inferno de forma mais ou menos inversa à trajetória de Jack, mas que voltou ao topo e reinventou a realidade com aquele caixinha mágica chamada Ipod.

Rei morto, rei posto, já diriam os ingleses de outrora.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Mudar é preciso

Este post nasceu antes d´A Firma, mas tem tudo a ver com ela, por isso, ei-lo:

Estamos passando por mais uma reestruturação lá na "firma".
É a terceira em seis meses e não deve ser a última.
Desta vez a coisa foi um pouco mais drástica e me separei definitivamente das pessoas com quem trabalhei nos últimos cinco anos e pouco. Não trabalhei todo esse tempo com todos, mas essa é a idade da convivência com o mais velho da turma. Que aliás já tinha nos abandonado no ano passado, mas isso não vem ao caso.

Fui um dos únicos da turma original que passou a fazer uma coisa diferente.
Quase todos os outros voltaram a integrar um grupo único e retomaram uma situação que vivíamos antes das mexidas, há mais ou menos 18 meses atrás. Não sei bem se é um retrocesso, mas a idéia chega bem perto disso.

Mais uma vez, a tal mudança não nos permitiu opinar ou escolher.
Fomos separados, rotulados e destinados sem poder de voto ou veto. Mais ou menos como acontece em todas as empresas do mundo.
O lado bom disso tudo é que recebi a mensagem de que eu não fui com o resto por decisão do meu chefe. Parece que ele tem outros planos para mim e isso pode ser muito bom. Claro que existe o potencial de desastre que acompanha toda mudança, mas já que estou no inferno, darei meu tradicional beijo na boca do capeta e verei que bicho dá.

Isso me faz pensar da necessidade de mudança que o mundo corporativo tem e que afeta também outros segmentos desta bagunça que chamamos de sociedade.
Por que será que sempre temos que mudar?
Será que não existe uma situação em que as escolhas são certas e o resultado é tão bom que não se precise mexer em nada?
Aparentemente não. Parece que o que muda não são as coisas, mas sim as pessoas e são essas pessoas que acabam necessitando de mudanças nas coisas.
É meio confuso, mas acaba fazendo algum sentido.

De uma forma meio darwiniana, vejo que as pessoas evoluem em termos de necessidades e demandam suportes para chegar até os novos níveis de satisfação.
Isso vale para uma empresa, para uma procissão e até para cachorro quente da porta do estádio: por mais satisfeitos que estejamos com algo, sempre surje a necessidade de melhorar e daí vem a famigerada mudança.

Isto não tem a mínima pretensão de ser uma tese sociológica, mas talvez tenha um bom fundo de verdade: mudamos as coisas por que mudam as pessoas.
Só queria saber quem foi o desocupado miserável que inventou a idéia de reestruturar uma área com intervalos médios de dois meses. Desse jeito não dá nem para se acostumar com os chefes, com os clientes e principalmente com os restaurantes do entorno onde se trabalha.
E depois os chefes reclamam da nossa motivação.
Pode isso?

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