Por mais meteorológico que soe o termo, dentro do ambiente corporativo, melhorar o clima significa aumentar o prazer que a jornada de trabalho oferece aos funcionários, sejam eles executivos ou não.
Ao menos é esse o meu entendimento.
Como a firma está cada vez mais preocupada com a imagem interna - vide a pesquisa anual que apura a percepção dos funcionários sobre
a vida, o universo e tudo mais - os manda-chuvas da VP resolveram organizar um grupo para avaliar os pontos mais fracos, propor soluções, implantá-las e ganhar cada vez mais legitimidade para fazer parte das listas da
Exame e da
Época.
O grande problema é que a cultura desta nossa organização nunca contemplou essa tal de qualidade no trabalho e muitos executivos acham que se um funcionário executa alguma atividade diferente das atividades tradicionais e rotineiras, o tempo está sobrando, a produtividade está baixa e, provavelmente, a melhor saída é
disponibilizar o recurso para o mercado, uma metáfora auto-irônica para a famosa demissão.
Aliás, chamar uma pessoa de
recurso é outra coisa que me incomoda, mas isso é assunto para outro post.
Como estou em uma fase de acreditar que se pode fazer a diferença, mesmo contra as probabilidades, minha candidatura mais ou menos voluntária ao grupo de melhoria de clima da vice-presidência acabou sendo uma coisa natural.
Explicando o "mais ou menos voluntária": eu não sabia da existência do grupo, mas uma das gerentes da Superintendência me perguntou se eu gostaria de participar e ouviu um sim pouco convicto, mas ainda um sim.
Depois de participar da primeira reunião, percebi a pouca familiaridade das pessoas com o tema. A maioria ocupava cargos executivos e parecia pouco familiarizada com temas comuns e populares.
Muitos mencionavam técnicas sofisticadas de fomento à motivação e reconhecimento de pessoas, mas para mim aquilo soava estranho, parecendo que eles haviam nascido gerentes e nunca haviam pisado no "chão de fábrica".
Tudo tinha cara de elitização e
benchmarking, enquanto eu tinha a clara idéia de que a saída era a popularização.
Como minha inclusão no grupo foi direcionada ao sub-grupo de eventos, resolvi ignorar os moradores do Olimpo e seguir com meu plano ao estilo do
Cérebro.
A primeira cartada foi encher de idéias de popularização a coordenadora do sub-grupo de eventos. O objetivo era mudar radicalmente a cara dos eventos da VP e matar no ninho qualquer idéia à moda antiga.
Nada de palestrantes soníferos e coquetéis com
foie gras.
A hora é de churrasco, escola de Samba, um palestrante do mundo esportivo e muita descontração. Talvez role até uma gincana entre as áreas e um karaokê, mas mesmo que não seja possível, todo o esforço será voltado para deixar o evento com cara de integração e não uma forma de satisfazer as necessidades apenas dos executivos.
Vou atuar com vontade para que o evento deixe satisfeitas as 1100 pessoas da VP que não são executivas.
E que os executivos aproveitem o evento exclusivo deles para se divertir, por que no nosso, ninguém tasca.