Volto já

Fui ali visitar os parentes e matar saudades da terra natal.

Vejo todo mundo em Outubro.

Tenham juízo, mas com moderação.

Executivo não morde

Uma das poucas coisas boas que a minha achatada situação de carreira tem proporcionado é uma naturalidade para conversar com executivos, não importando a sua posição na hierarquia.
Tudo bem que isso devesse ser uma coisa natural já que o executivo está lá para isso mesmo, mas também é consenso que muitas pessoas se inferiorizam diante de um Diretor ou Vice-presidente por acharem que o tempo deles é muito caro para gastá-lo com as suas lamúrias e problemas menores.

Entendo que essas pessoas têm razão. Mas apenas parte dela.
O tempo de um VP é mesmo caro, mas é parte da função dele manter as peças da empresa azeitadas e satisfeitas.
Como cada um de nós arigós é uma dessas peças, nada mais natural do que cutucar o ombro do maquinista e perguntar quando vamos conseguir nos sentar na janelinha para aproveitar melhor a paisagem.

E foi com essa idéia na cabeça que entrei inúmeras vezes na sala do Gerente, duas ou três na do Superintendente, duas na do Diretor e uma na do VP para tratar da minha carreira e das ferramentas que devo usar para progredir.
Talvez se as regras fossem mas respeitadas, eu não precisasse ir tão longe, mas como o número de exceções é maior que o de casos que respeitam as regras, achei justo descobrir como deveria jogar.

Em todos os casos o feedback foi muito positivo.
A tal atitude de "sair da pilha" (conhecimento herdado do meu antigo Sup) se mostrou acertada já que nenhum dos interpelados me desrespeitou ou desvalorizou diante das perguntas que eu tinha a fazer.
Concordo que nenhum deles saiu ligando desesperado para o RH por medo que eu pedisse as contas, acho que o recado sobre as minhas necessidades foi passado.

Por tudo isso, recomendo um mapeamento de cada um dos executivos que podem influenciar sua carreira e um pouco de coragem para abordá-los e buscar orientações sobre os caminhos a seguir para crescer.
Apesar de ainda não ter rendido nenhum fruto prático, a atitude acaba gerando diversos pontos na corrida pelo lugar ao sol.
Recomendo mesmo.

Contra-exemplo

Como já falei de hábitos perniciosos que observo aqui n´A Firma, achei que seria justo falar sobre o que existe de bom nas coisas que acontecem aqui, mas achei que isso se aproximaria demais de um manual de best practices e resolvi me focar em apenas um aspecto que poderia nos ajudar muito a obter melhores resultados.

Um antigo Diretor que tive me falava muito sobre os benefícios do nemawashi e eu nunca conseguia entender o que ele queria dizer.
O problema não era com o idioma do termo (japonês) e sim com a aplicabilidade dele ao dia a dia de stress, correria e escândalos em busca de prazos.
Só agora, com um pouco mais de experiência nas costas é que entendo o que ele quer dizer.

A idéia do nemawashi consistia em não perder tempo em reuniões intermináveis e cheias de gente, mas sim fazer pequenas reuniões prévias com todos os envolvidos e costurar todos os acordos que permitam que a reunião geral funcione apenas como aparato decisório e não como palco de discussões e disputas.
Pode parecer que essa prática gaste mais tempo do que as reuniões de trabalho (já que acaba obrigando a realização de um grande número de reuniões), mas afirmo por experiência própria que o resultado é muito mais sólido e consensado e que a vida da empresa fica muito mais facilitada.

Obviamente, é preciso suporte executivo para impedir que a pressão por prazos impeça a aplicação do consenso particionado, mas a idéia é bem interessante.
Fica a dica.

Transferência

Comecei a me incomodar um pouco com o desvio de assunto que a inserção da política causou n´A Firma, por isso resolvi segmentar novamente meus escritos e deixar este espaço para tratar somente de coisas do mundo corporativo e da minha existência como arigó.

Quem quiser acompanhar as coisas de Brasília e afins, acesse o "Higieniza, Brasil!".

Quem preferir não chegar perto de sujeira, fique à vontade aqui mesmo que a casa segue sendo sua.

Até.

Arrogância

Uma das coisas que mais me surpreendeu durante a recente avaliação periódica de desempenho foi a afirmação do meu gerente de que a primeira imagem que passo é de arrogância e pouca simpatia.
Ok, admito que não sou das pessoas mais abertas a novas amizades.
Muito pelo contrário, sou meio "difícil" no início do relacionamento. Não sou muito de intimidades nem de aberturas para opiniões ou críticas.
Mas isso é só no início. Não demora muito e já estou falando de futebol, filhos e carreira com todo mundo que tem a persistência de me dar uma chance.
Por que para essas pessoas eu também dou uma chance ao abrir a carapaça.

Se fosse só uma questão de relacionamento coom pares, a imagem de arrogante já seria algo a se preocupar, mas infelizmente para mim isso também pesa no momento de consideração para promoções ou colaborações mais próximas aos executivos.
Ao ser taxado de arrogante, eu sou preterido para uma oportunidade que seria perfeita para aproveitar meu potencial e me gerar mais satisfação aqui na Firma.

Felizmente meu gerente está tratando de reverter essa imagem junto aos seus pares e superiores e isso pode me ajudar bastante.
Mas como em tudo que se refere à carreira, não basta ele fazer isso. É preciso que eu faça a minha parte também.
Em todos esses movimentos de crescimento é preciso associar oportunidade e habilidade, por isso estou deixando a minha tradicional letargia social de lado e me relacionando melhor com as pessoas.
Isso inclui perguntar sobre as habilidades culinárias (aproveitando minha recém descoberta tendência à gastronomia), os filhos e os times do coração.
Qualquer um ficaria surpreso ao ver como uma pessoa se abre ao ver outra pessoa interessada pelas suas coisas e não só pelo seu trabalho.

Acho que o caminho é esse e vou em frente.
Valeu, chefe.