Executivo não morde

Uma das poucas coisas boas que a minha achatada situação de carreira tem proporcionado é uma naturalidade para conversar com executivos, não importando a sua posição na hierarquia.
Tudo bem que isso devesse ser uma coisa natural já que o executivo está lá para isso mesmo, mas também é consenso que muitas pessoas se inferiorizam diante de um Diretor ou Vice-presidente por acharem que o tempo deles é muito caro para gastá-lo com as suas lamúrias e problemas menores.

Entendo que essas pessoas têm razão. Mas apenas parte dela.
O tempo de um VP é mesmo caro, mas é parte da função dele manter as peças da empresa azeitadas e satisfeitas.
Como cada um de nós arigós é uma dessas peças, nada mais natural do que cutucar o ombro do maquinista e perguntar quando vamos conseguir nos sentar na janelinha para aproveitar melhor a paisagem.

E foi com essa idéia na cabeça que entrei inúmeras vezes na sala do Gerente, duas ou três na do Superintendente, duas na do Diretor e uma na do VP para tratar da minha carreira e das ferramentas que devo usar para progredir.
Talvez se as regras fossem mas respeitadas, eu não precisasse ir tão longe, mas como o número de exceções é maior que o de casos que respeitam as regras, achei justo descobrir como deveria jogar.

Em todos os casos o feedback foi muito positivo.
A tal atitude de "sair da pilha" (conhecimento herdado do meu antigo Sup) se mostrou acertada já que nenhum dos interpelados me desrespeitou ou desvalorizou diante das perguntas que eu tinha a fazer.
Concordo que nenhum deles saiu ligando desesperado para o RH por medo que eu pedisse as contas, acho que o recado sobre as minhas necessidades foi passado.

Por tudo isso, recomendo um mapeamento de cada um dos executivos que podem influenciar sua carreira e um pouco de coragem para abordá-los e buscar orientações sobre os caminhos a seguir para crescer.
Apesar de ainda não ter rendido nenhum fruto prático, a atitude acaba gerando diversos pontos na corrida pelo lugar ao sol.
Recomendo mesmo.