O happy hour
Ah, mas que maravilha cultural e antropológica é o happy hour, o momento onde os homens se encontram para discutir assuntos relevantes como a bunda da nova contratada, o jeito esculachadamente erótico de ser da secretária sexagenária e o resultado das investidas daquele sem noção que não larga do pé da favorita da área, mesmo sabendo que a moça é séria e tem namorado.
E nada melhor do que discutir tudo isso durante a degustação de finos exemplares de cerveja de garrafa, calabresa afogada em óleo e amendoim do ano passado.
Como é bom curtir essa coisa boa e brasileira com o feijão preto e a carne de preá (salve Graciliano Ramos).
Como frequentemente o grupo é composto de uma ou duas mulheres, nem sempre podemos tratar do nosso assunto preferido sem correr o risco de um processo por assédio moral ou sexual.
Nessas situações, falamos de chefes, de maridos e esposas, de viagens, de amores distantes e até de problemas pessoais.
Por incrível que pareça, a sinceridade costuma imperar quando nos sentamos naquelas cadeiras de metal e ensaiamos uma batucada nas mesinhas amarelas e envelhecidas.
Acabamos nos aproximando mais e dividindo um pouco da vida que não temos como mostrar quando estamos correndo atrás de projetos ou preparando apresentações que vão suportar a carnificina em que se transformam as reuniões com o Diretor.
É por essas e outras que, mesmo depois do "sim" lá no altar, não abro mão de um par de horas por semana acompanhado do povo do trabalho e de uma caixa de geladas.
Isso faz muito bem, dentro e fora do ambiente de trabalho.
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