Me dá o osso aqui
Por mais que se declame aos quatro ventos que as mudanças são sempre benéficas para o crescimento da empresa, existem certas coisas que sempre me deixaram com a pulga atrás da orelha.
As promoções internas são um ótimo exemplo.
Por mais que acredite que aproveitar o material humano que já se possui seja uma ótima maneira de incentivar e premiar as pessoas, acho que promoções "por decreto" acabam fazendo mais mal do que bem.
Explicando melhor: há alguns meses a Firma resolveu promover a Gerentes todos os Especialistas existentes na Vice Presidência, inclusive retornando alguns deles à antiga posição, extinta depois de outra reestruturação.
Até aí tudo bem, mas a porca começou a torcer o rabo quando sobraram muitas vagas de gerente os próximos da lista não tinham a mesma tarimba dos Especialistas.
Resultado: a Firma a acabou promovendo um bando de bons Consultores que se transformaram em maus Gerentes.
Claro que nem todos os promovidos tiveram maus resultados, mas o número de insucessos foi tamanho que todo o processo foi questionado.
Um desses bons Consultores acabou sendo Gerente de uma área-irmã à minha e que acabou sendo minha companheira no projeto-suicida em que me envolvi "buscando novos desafios".
Novamente não deveria existir nenhum problema no quadro, desde que o projeto não fosse a continuação de outro, que a tal Gerente não tivesse um amor todo especial pelo tema e que o prazo de implantação impedisse a minha adaptação para assumir a bucha sozinho.
Só poderia dar no que deu: ela tomou quase todos os espaços, não largou o osso nem por decreto e assumiu o papel de ponto focal para a comunicação com os usuários.
Sabendo dessa característica dela, tive que usar de toda a minha diplomacia e fazê-la entender que essa não era a função que se esperava de um Gerente e que eu me comprometia a absorver o máximo de conhecimento que pudesse no menor tempo possível.
Foi meio que um cheque enxadrístico, já que ela sabia que eu tinha razão, apesar de sua inclinação para a ambição e a competição não gostar muito de dividir holofotes com alguém e menos ainda de ficar só na platéia.
Apesar dos pesares, as coisas estão melhorando dia a dia e mesmo ela mudou de atitude, largou um pouco o esso e voltou à sua funçãoe executiva original.
Até quando isso dura eu não sei, mas tenho esperanças de que em caso de necessidade, uma nova conversa franca resolva tudo e eu possa seguir meu processo de aprendizado e sofrimento intelectual.
Enquanto isso, meu prêmio anual vai sumindo cada vez mais, mas isso é outro assunto.
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