Literatura
Há alguns anos, a Firma promoveu uma seleção para um programa de capacitação e formação de profissionais. Na verdade, existiam dois programas, um para formação de executivos e outro para capacitação de especialistas, a tal carreira em Y.
As diferenças de critérios para a candidatura a um ou outro programa eram em sua maioria sutis, mas duas delas chamavam a atenção pelo número de candidatos que excluiam ou incluíam: idade limite de 30 anos (para o programa de executivos) e dispensa de conhecimentos de inglês (para o programa de especialistas).
Como eu ainda estava na idade (ah, que saudade), me candidatei ao programa de executivos e passei bem pela prova de inglês.
O problema foi quando meu perfil profissional e psicológico apontou para uma grande aderênca ao perfil de especialista e um desenvolvimento custoso demais para o perfil de executivo.
Em bom portugês: eu já estava pronto para seguir a carreira em Y, mas teria muito trabalho para me desenvolver como executivo.
Na época eu não concordei com o parecer dos avaliadores, justamente por achar que o programa dedicado me ensinaria muito sobre a capacitação de um executivo e seria essencial para o bom exercício da função no futuro.
Infelizmente não adiantou argumentar e fui encaminhado para o final do processo de seleção de especialistas.
Quase sabotei tudo de tanto desgosto que senti, mas depois coloquei a cabeça no lugar e resolvi aproveitar a oportunidade e retirar o máximo de benefícios dela.
Além dos treinamentos que nos foram fornecidos, iniciei um programa paralelo de contato com literatura especializada, voltada à administração, negócios e gestão de pessoas.
Coletei referências de diversas fontes e acabei formando uma lista razoável de livros que li com mais ou menos afinco, dependendo do tema.
Dois desses livros me chamaram a atenção devido à popularidade que alcançaram e por isso decidi iniciar por eles uma série de comentários literários.
Peço que não esperem análiseds profundas ou exemplos práticos de aplicações.
Minha intenção é apenas mencionar as passagens que considero válidas e aquelas que considero puro marketing.
De qualquer maneira, é apenas a minha opinião e qualquer colega está convidado a me desmentir ou enriquecer estas impressões.

Eu tinha receio de lidar com um livro tão vendido e de tão unânime avaliação no mundo das resenhas de sites de venda on line.
Ainda não havia conversado seriamente com ninguém sobre o tema e tive que tirar as minhas próprias conclusões. Pensando bem, talvez tenha sido melhor assim.
Em poucas palavras, achei o livro mal escrito e com o objetivo primordial de vender a si mesmo. Ele até menciona coisas interessantes, mas me passou a sensação de que os conceitos de Maslow estavam sendo requentados e vendidos em um fast food da administração.
Gosto de várias idéias expostas no livro e até acredito que elas são válidas e aplicáveis, mas confesso que a idéia de atualização do pacote e não das idéias, prejudicou minha relação com o livro.
Para não dizer que sou injusto, não vou condenar o livro logo de cara, mas vou recomendar que se leia primeiro um livro de Maslow e só depois se passe para esta versão pop.

Algumas sinopses apontam o livro como um manual do bom gestor, mas depois da leitura achei que ele era apenas uma continuação do Monge, algo como a sequência de um filme de sucesso que aproveita as idéias principais e apresenta algumas informações novas apenas para que o espectador não ache que está sendo obrigado a comprar o mesmo produto duas vezes.
Neste livro eu consegui fazer relacionamentos com outras teorias ou metodologias e fiz um pequeno resumo delas:
- 4 estilos relacionais (agressivo, passivo, manipulador e assertivo ou auto-afirmativo): por incrível que pareça, encontrei uma analogia disto com a medicina ayurvédica, que também possui quatro tipos de personalidades e que todas as pessoas possuem duas dessas quatro;
- 4 tipo de habilidades (inconsciente e sem habilidade; consciente e sem habilidade; consciente e com habilidade e; inconsciente e com habilidade): esta definição é igual ao conceito utilizado no CMMI; dou à mão à palmatória ao admitir que não sei quem veio antes, mas também não sei se isso faz muita diferença.
De um modo geral, não posso condenar o Sr. Hunter por tentar ocupar um lugar entre os mestres da Administração, mas acho prudente ressaltar que existem outras pessoas que vieram antes e que versaram sobre os mesmos temas, provavelmente com muito mais propriedade.
Para não prejudicar demais a vida deste americano que já deve estar milionário, acredito na validade dos seus livros, mas desde que o leitor esteja consciente e se interesse por ler seus antecessores.
Para terminar, reforço que esta é apenas a minha opinião e que qualquer comentário, até os repletos de ofensas à minha honra e à minha família, serão muito bem vindos.
Afinal de contas, eu quero mais é aprender com quem sabe.
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