A firma

Por que se cobrir vira circo e se fechar vira hospício

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Sinuca de bico

O Professor, um grande amigo que conseguiu fazer a transformação de lagarta em borboleta e saiu da posição de analista para virar executivo, tem nas mãos uma situação que teria uma conclusão óbvia, não fossem algumas nuances que podem trazer muito mais prejuízo do que benefício, dependendo da decisão que ele tomar.

Por conta do processo periódico de avaliação de performances ele teve que conversar com cada membro da equipe e buscar justificativas ou atenuantes para eventuais desvios nos resultados esperados.
Cada um tinha seus objetivos traçados, alguns individuais e outros coletivos, e qualquer desvio significa uma considerável diminuição do bônus anual.
Nessa linha, ele chegou para conversar com um determinado analista e recebeu como respostas para as perguntas sobre os maus resultados coisas como "acho que eu andei devagar", "desculpa, foi mal" ou "ih, esqueci".

Em situações normais isso seria mais do que motivo para avaliações pífias, daquelas que empatam promoções, aumentos e até candidaturas a cursos, ou até demissões, mas no caso desse analista, um pequeno e significativo detalhe muda tudo: ele é um PNE, ou melhor, ele é um portador de necessidades especiais, aquela pessoa que pejorativamente é chamada de aleijada.
E sendo um PNE, por mais razão que o Professor tenha para a demissão, o prejuízo causado pela compaixão do resto da empresa certamente será maior do que o benefício para o resultado da equipe como um todo, ainda mais pensando que eles se viram bem do jeito que estão agora e que a troca por uma pessoa mais eficiente não significaria um ganho imediato de produtividade.

Noves fora, ao ser questionado sobre a situação, fui forçado a engolir meu desconforto com decisões políticas e fui direto: "deixe tudo como está, carimbe o desempenho como abaixo do esperado, assassine o bônus, mas não demita o rapaz. Certamente será o melhor para você."
Como de praxe, o Professor aceitou minha opinião e deve fazer o certo.
Ao menos o certo em termos de convívio, já que a consciência dele deve reclamar durante algum tempo.
Vai reclamar, mas passa. Tudo passa.

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