A firma

Por que se cobrir vira circo e se fechar vira hospício

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Feedback

Acho que criei um monstro.
Um dos caras com quem eu costumava almoçar e de quem hoje estou meio afastado por um bom par de razões, vivia reclamando que a empresa não o reconhecia, que não era promovido há cinco anos, que não havia aumento de salário e que ele fazia um monte de coisas e não era reconhecido.
Antes de apoiá-lo a se enforcar, a enforcar o seu chefe (que por sinal e um grande amigo meu) ou a pôr fogo no andar inteiro, perguntei se ele tinha certeza que tinha feito tudo o que era possível para ser reconhecido e se o trabalho dele era mesmo de qualidade.
A intenção era fazê-lo pensar e sair da posição de "reclamante" para a posição de "atuante" e analisar direito a situação para chegar a uma de duas conclusões:
- ele realmente tem um trabalho diferenciado e a falta de reconhecimento e promoções é um defeito da empresa, ou;
- ele achava que trabalhava bem, mas na verdade tinha uma série de deficiências e o fato de não ser promovido era algo natural para um trabalho medíocre.

Uma vez tendo chegado a essa conclusão, as saídas óbvias eram, no primeiro caso, buscar o mercado e no segundo buscar aprimoramento e humildade para reconhecer as falhas.

A conclusão final do papo, uma vez que ele assumiu a sua necessidade de melhorar e deixou de imputar toda a responsabilidade à empresa, foi que ele deveria buscar feedbacks permanentes com as pessoas do seu convívio e com isso identificar todos os pontos de melhoria possíveis.
Era uma caça aos pontos de melhoria, termo politicamente mais correto do que defeitos.

E lá partiu ele buscando espaços até na agenda do rapaz da limpeza para saber por onde começar a melhorar.
Na boa intenção, acabei criando um monstro do feedback.

Isso me lembra do problema que a Firma tem para dar e receber feedbacks consistentes e frequentes.
Não sei se o ranço de estatal atrapalha isso, mas é muito comum encontrarmos gestores que costumavam dar seus pareceres por telefone (e para o marido da funcionária), "em cinco minutos antes de uma reunião importante" ou "por que eram obrigados".
Esse povo encarava o processo como uma obrigação chata e como algo que não agrega nada ao processo. O importante é o cara produzir, trabalhar até tarde e fazer o que eu mando.

Felizmente esse tipo de imbecil está em extinção.
Cada vez mais os gestores estão sendo preparados para, primeiro, entender a importância do processo de troca constante de informações e, em seguida, para traçar planos de melhoria constante para os funcionários.
Isso deveria ser natural, mas não é.

Ainda bem que esse diálogo sempre foi uma constante com meu gestor e foi exatamente por isso que minha promoção apareceu: juntei um trabalho de qualidade com um feedback eficiente e deu no que deu.
Só espero que o novo VP não invente de usar a máquina do tempo e voltar à época do feedback express: leve um em cinco minutos e ganhe uma avaliação que não serve para nada na sua carreira.

Deus me ouça!

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