A firma

Por que se cobrir vira circo e se fechar vira hospício

quinta-feira, julho 12, 2007

Ranking

Eu sempre achei que esse negócio de não usar muito critério para avaliar o desempenho das equipes ainda acabaria mal e recentemente acabei tendo uma confirmação desse temor.

Como toda empresa, A Firma precisou passar por uma redução de gastos para se adequar à situação atual do mercado, à ação da concorrência e aos próprios rumos determinados pela matriz, lá no Império.
Dentre as ações tomadas, a redução de pessoal me parece natural. Diminuindo salários e benefícios para um mercado mais ajustado, a empresa fica mais enxuta e ágil para lidar com os desafios e barreiras.
O problema começou justamente nos critérios utilizados para a escolha dos "demitíveis".
Minto. Foi antes, nos critérios utilizados para avaliar o desempenho de cada pessoa dentro da empresa.

Bem ao estilo GE, a empresa usa os números 1, 2 e 3 para estratificar o desempenho das pessoas e para habilitá-las ou não a promoções, transferências ou mesmo demissões.
Não sei se as proporções são 10-70-20, mas deve ser algo bem próximo.
O ranking 1 mostra as pessoas que superaram suas expectativas, o 2 as que alcançaram e o 3 as que ficaram abaixo do que era esperado delas.
Tudo lindo, não?
Acontece que alguns gestores tinham o "saudável" hábito de fugirem da responsabilidade e do trabalho de avaliar as pessoas e simplesmente faziam um rodízio das pessoas que recebiam o mal fadado 3. Normalmente esse rodízio pegava os novatos da área, para quem o gestor costumava dizer que estava tudo bem, que aquilo era praxe na empresa e que a pessoa não deveria se preocupar por que o 3 não atrapalharia em nada a evolução e as oportunidades que surgiriam.
Nada mais picareta. Ficou famoso o caso de um amigo que recebeu o 3 de presente logo depois de entrar na empresa e que não pode se candidatar a uma vaga de MBA gratuito oferecido pela empresa, justamente por conta desse 3.
Se o tal gestor estivesse na frente dele, certamente não terminaria o dia com todos os dentes na boca.



Outro ponto bastante discutível usado pelos gerentes para a determinação do 3 são as licenças e demissões.
Quem quer que saísse em licença médica, maternidade ou fosse demitido, recebia automaticamente o 3, independente de qualquer análise de desempenho.
Até posso admitir que fazer isso com quem não está mais na empresa pode facilitar o trabalho do gestor (coisa que eu pessoalmente não concordo), mas fazer isso com quem fica fora da empresa por força maior me parece uma grande sacanagem, para dizer o mínimo.
Na minha opinião, a licença deveria significar apenas um período menor para cumprir seus objetivos e não uma eliminação da possibilidade de competir. Se a pessoa ficou 5 meses fora, se avaliam os outros 7 meses e se compara com os 12 meses do resto da equipe. Quem tiver o pior desempenho leva o 3 e pronto. Simples e justo.

Mas como a justiça não é exatamente uma acompanhante dos maus gestores, o 3 segue sendo distribuído dessa forma e todos os seus possuidores viraram alvos das recentes demissões.
Todos os 3 da empresa foram listados e considerados candidatos à demissão. Coube a cada gestor definir se a pessoa merecia uma nova chance ou não. Poucos conseguiram. Muitos foram embora por desempenho fraco. Alguns foram injustiçados.
Coisas de critérios simples demais, como redução de orçamento ou de investimento.
No final do processo, a demanda continuou a mesma (pelo menos por enquanto) e os sobreviventes se dividiram entre o alívio de permanecer empregados e o desconforto de ter que assumir as atividades de quem se foi.

Desse jeito fica difícil se manter dentro das listas de melhores empresas para se trabalhar, como nos dois anos anteriores.
Vai ser preciso tirar mamutes da cartola para reverter o quadro.
Ou será que estou com uma visão por demais simplista?

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